quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

RELENDO MINHA IMAGEM


Imagem: Irene Sheri


Reli minha imagem
refletida no espelho da vida.
Não sou avó,
mas poderia sê-lo:
seria avó à Martha Medeiros.
Avó que namora,
participa de eventos,
escreve poesia,
não importa o momento.
Mas,
sou mãe que viaja,
escolhe sua estrada,
sem culpas ou lamentos.
Porto leve bagagem:
os filhos criados,
amor 
e meus pensamentos.
E quando volto
sou ombro e abrigo:
minhas crias confirmam!
©rosangelaSgoldoni
29 02 2012


RL T 3 528 381
Poesia publicada na Antologia Café com Verso,
2012, Editora Delicatta, SP



terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

OFEREÇO-TE ESTE POEMA






Quisera escrever-te uma carta
sabendo que não receberás tal correspondência.
A caneta rabisca sobre alguns tracejados,
à pauta me faltam palavras e coerência.

O pensamento transporta-me à cama sonora,
ruídos e aromas de um amor em cadência.
O abajur aceso revela-se indiscreto,
testemunha da paixão em total anuência.

Descansados e abraçados, somos languidez.
Acordamos para a vida e nossos problemas,
problemas imaginários tal falsos sudários,
desisto da carta e, em segredo, ofereço-te este poema.

Se um dia seremos plenos e realizados,
só o tempo o dirá, hoje soa a incerteza!

©rosangelaSgoldoni
28 02 2012
RL T 3 525 398
Poesia publicada na Antologia "POETAS FAZENDO ARTE EM BÚZIOS" 2012 Editora Somar


domingo, 26 de fevereiro de 2012

ROSAS NA MINHA JANELA




Rosas sorriem na minha janela.
O ar mais puro infla os pulmões.
À noite, um céu purpurinado,
transforma-se num manto negro
bordado,
quase sagrado:
festejam  os anjos no céu!
A Lua,
mais que exibida,
cheia de convencimento,
derrama-se sobre a estrada:
cascalhos de mica e quartzo
refletem, das fadas, o cenário.
Quando cede lugar ao sol,
apresenta-se majestade,
coroa em fogo escarlate,
contrasta com ouro central.
Ao fundo, a mata reside,
vida pulsante e nativa,
sobrevivente, atlântica virgem,
misteriosa e sensual.
Meu espaço, minha vida,
alegria incontida
neste pedaço rural:
quase sobrenatural!

©rosangelaSgoldoni
11 02 2012
RL T 3 520 988
Poesia publicada na Antologia “Um Universo Ecologicamente Poético”, Iluminuras Gráfica e Editora, página 139, Maceió 2012


O CASARÃO NEOCLÁSSICO




Refaço o caminho dos meus antepassados:
avós, pai, tios e agregados.
Desvio-me do túnel do tempo:
reverência é o meu sentimento!
Tem história o casarão neoclássico
tombado, preservada fachada,
sótão e muitas ventanas.
Nos jardins perfumadas roseiras,
begônias faceiras,
duas ou três quaresmeiras.
A casa tão imponente
conduz-me a um conto de fadas
mas a realidade é provada:
nele meu pai foi criança!
Coisas de reconstrução dum passado distante.

©rosangelaSgoldoni
07 02 2012
RL T 3 520 790
Revisado em 01 03 2016

sábado, 25 de fevereiro de 2012

TENHO PRESSA


Imagem: trisha lambi


Já tive pressas,
urgências,
premências.
Corri contra o tempo,
desdobrei-me por dentro:
maratona impessoal.
Fiz-me deus,
quando não passava de mortal.
Hoje,
tento andar devagar,
ser fiel à canção.
Mas não.
Continuo com pressa,
agora personalizada:
urgência de viver,
necessidade de um querer,
felicidade, quem sabe, alcançada!

©rosangelaSgoldoni
23 02 2012
RL T 3 520 170

CINZAS DA REDENÇÃO







Cinzas,
na quarta de redenção!
Momo se despede,
o palhaço se despe,
colombina é solidão.

Arlequim ainda chora:
longe está a sua hora
de apaziguar o coração.

Tantos sonhos
em poucos dias de verão.
Prosseguirão adormecidos,
quem sabe, desfalecidos
até a próxima estação.


©rosangelaSgoldoni
22 02 2012
RL T 3 519 280

domingo, 19 de fevereiro de 2012

ESTRADAS DE UM CARNAVAL (HISTÓRIA VERÍDICA)



10.00h de um dia próximo ao carnaval.
O técnico da empresa de telefonia fixa me acorda.
Feliz, atendo-o à porta.
Postes, testes, fios e cabos.
O problema é no ring (ou algo parecido). Resolvo para você na Central de Telefonia.
Ressalto que o telefone não acusa recebimento de chamadas.
Eu, feliz, internet reconectada e promessa de voltar a receber ligação.
Mas, imprevistos não acontecem somente com telefones.
O maior imprevisto é a vida. A incógnita maior da Criação.
Aguardando visitas, pela madrugada, aportam meu filho e amigos, traumatizados por um acidente ...estradas de carnaval cansadas e desgastadas. Euforia antes de tudo.
Segurança?
Coisa sem sustância!
A internet cai e o ding continua esvaído.
Passam-se 24 horas, sou novamente reclamação.
Protocolo reaberto,enviaremos novo técnico.
Desanimada, saio para tomar uma cerveja.
Tristeza!
No  acidente testemunhado o ring foi tocar noutra dimensão.
Levou meu técnico para uma nova central de comunicação.

©rosangelaSgoldoni
19 02 2012
RL T 3 509 012

sábado, 18 de fevereiro de 2012

REPENTE


APENAS UMA MULHER



Pode me chamar de bruxa,
feiticeira.
Invoque a Inquisição,
acenda fogueiras!
Não revido;
não tenho culpa de
mexer com a sua libido!
Do alto dos tribunais da vida
a sentença foi proferida.
Refute-a se puder.
Eu, inocentada,
sou apenas uma mulher.

©rosangelaSgoldoni
18 02 2012
RL T 3 505 947
Poema publicado na Antologia 
"POETAS FAZENDO ARTE EM BÚZIOS" 
2012 Editora Somar

TEMPOS DE CARNAVAL






"Adeus à carne",
em tempos medievais.
Entregam-se as faces
às folias sensuais.
Um vale-tudo
que atravessa o verão.
Da escola ao entrudo
só corpos serão.
Alguns mascarados,
outros reais;
um mundo aloprado,
visões ancestrais.
E quando acaba
recobram-se os sentidos,
a vida resgata
seu tom de ungido.

©rosangelaSgoldoni
12 02 2011
RL T 2 815 287



sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

SORRISOS E PROMESSAS




Por que sempre voltas
com sorrisos e promessas
de felicidade?
As tuas palavras
já não me servem de nada,
soam-me pueris.
Alento sem comprometimento?
Meus sentimentos esvaziam-se
como um balão de gás.
Sabes o que estás a plantar:
tua colheita não será surpresa.
Quanto a mim,
esquecer-te?
Plenamente viável,
objetivo inexorável!

©rosangelaSgoldoni
17 02 2012
RL T 3 504 715

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

FELIZ CARNAVAL!




Carnaval:
Tempo de sonhos concretizados,
Sorrisos iluminados,
Fantasias desabrochadas,
Folias degustadas
E a vida extasiada!

©rosangelaSgoldoni
17 02 2012
RL T 3 504 056
 
FELIZ CARNAVAL!

RIDÍCULO


Imagem: Catherine Abel


Tudo é ridículo.
O mundo é ridículo.
Você também o é
e eu o sou.
Plural: somos ridículos, eu e você!
Enfim, frutos do nada.
Sequer usucapião,
apenas frutos da solidão.
Impaciência
refugada
simplesmente,
degradada.
Dois, ridiculamente apaixonados e,
pelas circunstâncias da vida,
desestruturados.
Que assim seja e,
provavelmente, será.
Uma certeza que podemos chancelar.
Mais que verdade,
 credulidade:
um infeliz ponto final!

©rosangelaSgoldoni
16 02 2012
RL T 3 502 034

CUPIDO: DESTA VEZ DECIDI ESCREVER



Carta Exercício Poético



Sabes que não sou dada a cartas.
Expresso-me nas poesias.
Mas tenho tanto a dize-te, amor, que o faço nestas linhas:
um misto de prosa e verso,
furacão X calmaria!
Queria poder falar, depois de tantas brigas, sobre o quanto de amor circula, nas artérias da minha vida. 
Esta é a dor mais dorida quando não mais acredito nas cores das telas que pintas. Colorido diluído até a próxima partida.
Queria poder confessar que a tua ausência machuca, mas devo me acostumar, apesar da minha desdita.
Quisera poder gritar meu amor em alta freqüência, mas a garganta bloqueia; emudeço quando teus olhos me fitam com ares de clemência.
Mais uma vez retornaste ao antigo porto e abrigo. Bandeiras de felicidade desfraldadas e promessas de um novo caminho; mesmo incredulidade, ofereci o meu ninho.
Quisera, pudera ... mas não devo!
É tempo de preservar-me e repensar este ciclo.
Meu amor incondicional cansou desta roda-viva.
Aproveite a última chance: entregue –se ou deixe-me em paz.
Mas, Cupido, ainda te espero intervindo!

©rosangelaSgoldoni
13 02 2012
RL T 3 499 825

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

VIDA POR TEIMOSIA


Imagem: Lauri Blank




Vida por Teimosia
Uma vida que veio à luz pelo avesso: ao invés de movimentar-me para fora, subia e protegia-se junto à parede do abdômen.
Agindo rápido, a obstetra ordenou à enfermeira:
- Enganche suas pernas na parturiente e faça pressão para que desça, suavemente.
Cianótica criatura é apresentada ao mundo (sem lesões diagnosticadas).
O tempo passou e sou gratidão à vida.
Agora, 05.30h, tudo veio à memória (coisas da minha mãe).
Aqui, entre matas, regatos, estradas de chão, poeira de estrelas, apraz escrever.
Daqui a pouco o sol vai nascer.
As máquinas de cortar capim são ligadas e o peão passa com sua moto para a lida na ordenha.
O galo canta em saudação à manhã que se aproxima.
Tento descartar o teclado mas a teimosia cobra.
O “word” aberto não se intimida.
A intuição me guia tal cigana que não lê mão, mas abre o coração.
Cigana de idas e vindas, de socorros sem ser socorrida, não importa: é missão!
E continuo aqui, acionando o teclado.
Agora, ouço o latido de um cão; o barulho da boiada tocada na estrada que leva consigo inspiração.
Sã e salva, salvo a página e vou dormir.
©rosangelaSgoldoni
13 02 2012
RL T 3 496 961
Revisada em 17 07 2014





POR E PELA POESIA