Quando o vento por mim passa
assusto-me e estremeço,
mesmo assim eu agradeço
e renego a ameaça.
Colo o rosto na vidraça
e lembro-me do que sofri,
das noites que não dormi,
calada, amordaçada.
Ergo então uma taça
brindando ao que não vivi.
Quando o vento por mim passa
deixa em seu rastro um lamento,
Infringindo-me um tormento
pois com ele vão-se as lembranças
e uma falsa esperança
que trago em minha mente.
Às vezes me ponho contente
mas de volta à realidade,
tutdo o que sinto é saudade,
Mmeu coração me desmente!
Seguia tranquila ao meu destino. Passaram por mim em sentido contrário. Um menino pedalando e uma garota que seguia ao seu lado segurando a bicicleta tentando impedi-lo de prosseguir. Talvez não ultrapassassem a idade de 15 anos. Ele gritava: - me larga, me deixa, quero ir embora! Ela retrucava também aos gritos: - desce pra gente conversar! Quem aprontou não sei. Segui o meu caminho conversando comigo mesma: jovens e dramáticos O que o futuro reservaria àquele casal? Palpitei mentalmente: - ao garoto, quem sabe, um conquistador... - com relação à menina, reconstruiria sua autoestima? Bem, isso não me diz respeito. Desejo que sejam felizes: não sei quando, não sei onde, seja lá com quem for.
Rogoldoni 03 11 2016
RL T 5 812 614 Publicado na revista CAOSótica setembro-dezembro 2018, número 48 ano 13 pág. 48 Porto Alegre RS