Há uma tempestade elétrica, magnética, antiestética nas entrelinhas dos paralelos ao sul do Equador. Há medos, ameaças, deboches em meio aos brioches expostos em vitrines das boas intenções. Ah odientas vilanias, mascaradas e plenas de covardia, tua hipocrisia será erradicada dos mandos e desmandos de uma Nação. Seus filhos acordarão deste efeito anestésico, saturados por analgésicos em destemperadas soluções. Assim despertará o berço esplêndido ao lado do verde e amarelo que domina o hasteado pendão. Amados filhos ainda serão.
Filha mais velha de três irmãos, sentia-se sozinha.
Entre idades, um fosso nas brincadeiras.
Limitava-se aos amigos imaginários.
Casa de amigos ou amigos em casa (os reais) nem pensar.
Afinal, como no velho ditado, “um é pouco, dois é bom, três é demais”. Ou
melhor, naquela casa, suficiente para aquela mãe totalmente do lar. Sem opções,
centrou-se nas leituras. Era tudo que poderia ter e fazer uma vez que residia
distante dos grandes centros.
Das leituras às aventuras nos livros de Geografia e História do ginásio, um
pulo.
Viajou tanto que conheceu meio mundo numa virtual dimensão inimaginável à
época.
Sua escola, por concurso e opção dos pais, ficava num município vizinho. Tão
longe de casa e da sua realidade social que só lhe restava ser a primeira aluna
da classe.
Mais uma vez sozinha durante a adolescência.
Seus trabalhos de grupo eram
individuais.
A mãe explicava, a professora entendia, a mocinha sozinha.
Classificou-se no vestibular em troca de uma bolsa.
Vida corrida e passada; filhos e neto, uma estrada.
Hoje, senhora e plena de si, livre de amarras, entendeu ser sua melhor
companhia.
Exala poesia madura
e, no seu olhar, ainda resiste um quê de futuro.