sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O HOJE É AGORA





O hoje é agora.
Amanhã pressuposto.
O tempo devora
as entranhas, o exposto.

Depois de amanhã
é além do previsto;
o ontem já chora,
quem sabe revisto!

Agora é vida,
outrora, retorno;
futuro guarida
propostas e sonhos.


©rosangelaSgoldoni
16 02 2010
Revisada em 18 01 2015
RL T 2 420 923
Publicado na Antologia Mulheres Fascinantes vol. III 2015 Editora Delicatta

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

ALGUMA LUZ ALÉM DO PRONATEC






Surpreendo-me com uma citação inoportuna, ares de preconceito, numa rede social.
“O poeta é o primo pobre dos literatos , mas é o que mais doa riquezas.”
Não sei se a palavra preconceito é muito forte, talvez ignorância!
Poesia não é primo pobre de ninguém: antes, um gênero literário.
Literatura, termo abrangente, abraça diversas vertentes na arte da escrita desde a Antiguidade.
Um exemplo como definição,

“Literatura é a arte de criar e compor textos, e existem diversos tipos de produções literárias, como poesia, prosa, literatura de ficção, literatura de romance, literatura médica, literatura técnica, literatura portuguesa, literatura popular, literatura de cordel e etc. A literatura também pode ser um conjunto de textos escritos, sejam eles de um país, de uma personalidade, de uma época, e etc.” (*1)

Riqueza cultural no cordel, na poesia infantil, no minimalismo sagaz ou impertinente, no chacoalhar das mentes dos ávidos leitores, que também integram o mundo literário.
Seriam as obras de Fernando Pessoa, Mario Quintana, Cecília Meireles (somente para citar alguns) primas pobres de quem?
De fio a pavio...
Num país onde mais de quinhentos e trinta mil estudantes são reprovados em redação, há que se pensar em informação e leitura, no ser humano como um todo: alguma luz além do Pronatec.


©rosangelaSgoldoni
29 01 2015

RL T 5 119 102

AMOR ESTRANHO




Um amor desalento
sobrevivente à razão
traduzido em silêncios
desacata a paixão.
Um amor desatento,
cordial solidão;
volta e meia no tempo
sensual tentação.

Um amor indomável,
acaso imaginário,
refém das fogueiras,
sensível e incendiário.

Este amor conta estrelas,
momentos,
fraquezas,
loucuras,
defesas,
até que o luar esmaecido
canse de suspirar!

©rosangelaSgoldoni
Esboçado em 18 02 2012
Revisado e concluído em 29 01 2014
RL T 5 118 585

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

VIA MÁGICA




Divirto-me
remontando constelações:
mesclo estrelas aleatoriamente.
Transformo a Via Láctea em
Via Mágica.
Recubro-a com tapetes
tecidos à mão:
fios de imaginação.
Longas e movimentadas
são as caminhadas.
Prudentemente,
desvio-me de cometas e asteroides.
Eu,
Bilaquianamente desconstruída,
prefiro conversar com as estrelas.

©rosangelaSgoldoni
25 01 2014
RLT 5 115 347

A BRUMA






Aguardo a bruma que se apoxima.
A Lua brilha em sua plenitude.
Trago em mim esperanças discretas
sabendo que as desilusões se concretizarão.

Janelas e portas abertas,
entra sem cerimônia.
Deixo que se espalhe e
me envolva num abraço imaginário.

Transita pela casa e varanda,
desafia-me testando a solidão;
interrompo o transe, a emoção desanda,
retorno triste, os pés no chão.

©rosangelaSgoldoni
26 07 2010
revisada em 18 01 2
015

RL T 2 434 936

sábado, 24 de janeiro de 2015

FÓSFOROS, VELAS E UM RÁDIO DE PILHA






Entardecer, dia de verão alto.
Janeiro a sol cheio.
O temporal ensaiado há dias escurece a tarde e o céu grita em trovões.
A falta de energia imediata torna o ambiente mais assustador.
Sinto-me ilhada, cerceada o meu direito de interação.
A bateria do smartphone (multifuncional de vida) definha.
Fecho a casa, tento dormir.
Acordo assustada.

Como conviver com falta de água, tempestades, apagões?
Levanto tateando pelas paredes. Passaram-se três horas e o fornecimento de luz continua interrompido.
Sento no sofá arquitetando um kit de sobrevivência. Fico feliz quando me dou conta do primeiro item à mão: caixa de fósforos. Num cantinho da prateleira descansam algumas velas dentro de um vasinho de flores artesanal.
Acendo as velas e localizo um velho amigo dos meus pais: o radinho de pilha. Reconecto-me ao mundo do som e das cores.
Logo em seguida o fornecimento se restabelece.
A telefonia fixa se recompõe.
A móvel, ainda adormecida num canto da sala, recarrega sua energia.
Inegavelmente dependente da tecnologia moderna, por algumas horas, sobrevivi com fósforos, velas e um rádio de pilha.


©rosangelaSgoldoni
24 01 2014
SMM

RL T 5 113 225

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O POEMA PEDE ÁGUA




Algo assim,
breve e fugidio
como os versos
traçados nestas linhas.

Nas entrelinhas,
nimbos ou estratos;
algo assim,
da vida um substrato.

O poema não transborda,
pede água!

©rosangelaSgoldoni
22 01 2015

RL T 5 110 969

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

REPÚBLICA DAS JABUTICABAS


Calor,
cansaço,
sem saco
pra tanto canalhice,
mentiras,
escrachos
e capachos de ocasião.
Pasárgada?
Pegando o Trem das Onze para a
REPÚBLICA DAS JABUTICABAS!

©rosangelaSgoldoni
20 01 2014

RL T 5 108 592

MALMEQUER





Foram-se os dedos!
Ficou o toque de seda
das pétalas do malmequer!

©rosangelaSgoldoni
11 07 2014
Publicado em Fiapos de Lucidez

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

URGÊNCIA DE VIDA




Encurta-se o verso

na medida da urgência de vida.


Minimaliza-se o poema!

©rosangelaSgoldoni
19 01 2015

RL T 5 107 561

SOLIDARIEDADE



Minha solidariedade à família do executado na Indonésia.
Nem sempre a educação proporcionada traz os resultados esperados.
Condolências à parte, ele sabia o que estava fazendo, para onde ia e as consequências possíveis.
Uma "consternação" oficial, embaixador de volta..

Gostaria de uma consternação verdadeira e essencial às vítimas das drogas no Brasil: sejam de balas perdidas, policiais civis ou militares ou aos próprios viciados.

Que as LEIS TAMBÉM sejam respeitadas no Brasil!



©rosangelaSgoldoni
19 01 2015
RL T 5 107 082

domingo, 18 de janeiro de 2015

PARA UM AMIGO QUE NÃO PERDEU A FÉ



-"Olá, como vai?
-Eu vou indo e você, tudo bem?"

Quantos olás nos demos...
quantos olás deixamos de nos dar...
quantas vezes saímos e dançamos...
quantas vezes deixamos de sair e dançar...
sequer conversar...

Mas a vida não se mede em quantidades,
sentimentos não são mensuráveis:
são guardados e intocáveis.
Antes mesmo das tardes dançantes de domingo,
quantos salões percorríamos sozinhos!
A amizade se fazia presente:
falo sinceramente!

"Mas eis que chega roda viva”...
Longe ficaram os momentos
Maysa e Dolores Duran,
mas continuo sua fã!

No bloco dos sem tempo,
perdemos o estreitamento,
o mundo deu tantas voltas
(a vida ficou meio torta...?!)
com jeito de adiamento.

Ah! o bloco dos sem tempo,
quanto contrassenso!

Apesar de tantos percalços,
continuo sua amiga, ARNALDO
e torcendo por você

"Hoje eu quero a rosa mais linda que houver"
pra te ofertar com carinho e fé !!!

©rosangelaSgoldoni
02 03 2009

RL T 2 448 459
revisado em 18 01 2015 
Publicado na Antologia  Mulheres Fascinantes vol. III 
2015 SP Editora Delicatta

ALÇANDO VOO




Sempre falo em sumir,
mas não quero fugir.
Quero seguir meu rumo
sem bússola,
sem obrigação de voltar,
podendo ficar!

Sempre falo cansei.
Cansei de voltas marcadas,
compromissos inadiáveis,
problemas indesejáveis,
pois se não quiser voltar,
eu posso ficar!

Eu quero ser assim,
meio bicho, meio gente,
caipira e urbana,
calada ou eloquente,
que sempre gostou de gente
mas que precisa voar!

Eu quero a liberdade,
que independe do pensar:
liberdade de ir e voltar!

Rogoldoni
24 05 2010
©rosangelaSgoldoni

sábado, 17 de janeiro de 2015

IDOSOS: UMA REFLEXÃO


08.20h na emergência de um hospital particular.
- Maca ou uma cadeira de rodas, por favor!
- Um momentinho, senhora (momentinho que se estendeu por vinte minutos)!
Retorcida dentro do carro, decidi eu mesma buscar uma cadeira para a minha idosa de 90 anos, segurada de um plano de saúde.
Papeladas assinadas (40 minutos após a chegada), o médico a chama.
Anamnese concluída, permaneço no boxe.
Uma senhora em torno de setenta anos, ao lado, pede ajuda para ir ao banheiro. Ninguém responde.
- Posso ajudá-la? Seguro o soro entre a porta até que a Senhora se ajeite. E assim fizemos. Uns vinte minutos depois chorava ao celular implorando a presença do filho no hospital, pois que estava sozinha.  Soube, mais tarde, que o filho se recusou: estava na praia.
Do outro lado percebi outra senhora que respirava com dificuldade. Notei uma cintura alta a pressionar-lhe o abdômen. Fui à técnica de enfermagem e comentei o fato. Não seria melhor afrouxá-lo?
- Não sei o que ela tem!
O mesmo que dizer: “Tô nem aí”!
Eu, sempre intrometida, fui direto ao seu boxe. Afrouxou. Alta em 20 minutos.
E a minha idosa?
Exames, exames, exames. Sangue, urina, R-X num vai e vem desconexo de informações administrativas.
Fadiga!
16.00h
Finalmente liberada. Apenas uma infecção urinária.
O motivo da emergência: lúcida, orientada e voluntariosa, decidiu não comer. Totalmente dependente, sem condições de sustentar o tronco, com a deglutição preservada sentia-se enjoada da comida: limitava-se à dieta complementar em tempos de verão: sorvete, iogurte, água de coco...
Depois do susto entendeu que comer era a única solução e recuperar o peso, hoje em 33 kg , urgência.
Quanto a mim, aprendi um tanto mais sobre a solidão e o desrespeito aos idosos.
Sorri quando o médico a liberou e disse: parabéns, os resultados dos exames demonstram o quanto ela é bem tratada!

©rosangelaSgoldoni
17 01 2015

RL T 5 105 207

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

AS MÃOS E O POEMA





Quando falo,
como o poema com as mãos.
Lambuzo-me com palavras!

©rosangelaSgoldoni
RL T 5 104 086
16 01 2015


Publicado na Antologia Poemas à Flor da Pele vol. 9 2015
Editora Somar Porto Alegre

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

LIMITES DO PENSAMENTO (FIAPOS DE LUCIDEZ EM UM BRINDE À POESIA - Niterói, RJ)

EVENTO PROMOVIDO POR LUCILIA DOWSLEY EM 14 01 2015
'DIVULGA LIVRO"







LIMITES DO PENSAMENTO

O homem tenta dormir.
O sono não vem.
E o homem precisa dormir.
Por que o sono não vem?
Vida estúpida!
Mas o que é vida?
Nascer, estudar,
trabalhar e um ponto final?

E o sono não vem!
O que é o sono?
Suspensão dos sentidos?
E o homem pensa...
Por que estou aqui,
o que faço por aqui?

Sou animal racional
vivo num mundo louco.
O que é o mundo?
Por quem e por que foi criado?
Deus!
Quem é Deus?

A lua brilha lá fora.
-recebe o reflexo do sol-
e por isso, brilha.
Por quê?

Pobre homem que
demanda explicação para tudo.
E pensa,
tenta!
A vida corre...
O pensamento se confunde.
O sono não vem...

(resgate de poesia: escrita em1970)
In Fiapos de Lucidez
rosangelaSgoldoni

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

VERDADES E PARÊNTESIS





Mentiras
disfarces
flácidas faces
das falácias...

Inverdades
a troco de arrogâncias
prepotências,
leniências,
obscuridades.

Pobres criaturas!
Serão presas
de suas próprias urdiduras.

Verdades entre parêntesis um dia criam asas!

©rosangelaSgoldoni
13 01 2015
RL T 5 100 738

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

PALAVRA DE MÃE





Ouvia as falas da minha mãe:
- “Vai ser GENTE na vida.
independência não é SORTE”!
Sorte, na verdade, é ouvir uma PIADA a cada dia,
eu diria...
Rumo ao psicanalista.
No percurso entendi que independência
era um GRITO interior a romper as barreiras do TOM.
Um tom MAIOR que se agiganta
às margens da perseverança
irrigadas por tintas de AUTOESTIMA.

Bem que eu ouvi minha MÃE!

©rosangelaSgoldoni
10 01 2015
RL T 5 099 229

sábado, 10 de janeiro de 2015

UM SEGREDO A ME ACOMPANHAR





Sou durona,
(levo jeito),
só pra me posicionar.
Armadura, carapaça
(proteções imaginárias).
Faço pose,
cruzo a perna,
fingindo te desprezar.
Na verdade eu me derreto
quando te vejo chegar.

Só eu sei o quanto sinto
este segredo a me acompanhar.



©rosangelaSgoldoni
01 02 2011
revisada em 10 01 2015

RL T 2 764 532

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

ALGUNS ADVÉRBIOS




eu
tão
tarde
tão
certo
PLANEJO.
aqui
acolá
devagar
AREJO.

ONTEM REVISTO.

©rosangelaSgoldoni
04 01 2015
RL T 5 095 467

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A PROFECIA



Chegaram sem alarde:
uma luz por testemunha.
Magos,
sábios,
quem sabe,
zoroástricos,
e algumas especiarias.
O Rei,
em Belém,
nascera.

Eis que a profecia se concretizara!


©rosangelaSgoldoni
04 01 2015
RL T 5 089 974

domingo, 4 de janeiro de 2015

QUANDO OS FILHOS RETORNAM





Nos feriados, à roça.
Infância rolando na lama
(poças de chocolate),
caminhos da represa,
banhos de chuva,
tobogã no pasto em cachopa de pati.
No ribeirão ao fundo,
o primeiro mergulho.
Cuidado com as cobras!
(gritava nervosa).
Adolescência, amigos,
bailes, cachoeira do escorrega,
(meu coração aflito).
Jovens,
outros interesses!
- Roça?
- Que programa é esse?
Adultos conscientes,
retornam acompanhados
ao berço da natureza!

©rosangelaSgoldoni
04 01 2015
RL T 5 090 602

POR E PELA POESIA