segunda-feira, 29 de maio de 2017

LUNAR



Uma vírgula desmaia nos braços da mata.
Pausa crescente para reflexões.

©rosangelaSgoldoni
foto e texto
29 05 2017
RL 6 013 148


domingo, 28 de maio de 2017

ALMOÇOS E DOMINGOS





Lembrei-me das empadinhas em formas de alumínio,
talharim aberto na tábua com garrafas vazias.
Manjericão e pesto no pão,
sarapatel quentinho,
siri (por ele pescado), cozido na panela.
Jló  frito no azeite.
Hoje tem dobradinha!
Pulava de alegria...
Meu pai cozinheiro aos domingos.

Sobremesas à minha mãe.
Laranja da terra
ou
cajá
em caldas.
Arroz ou
cuscuz doce.
Tudo muito simples,
muito especial,
até mesmo a galinha que matava no quintal
(domingos em que a cozinha era sua).

Hoje preparei meu almoço
carregado no tempero da saudade.


©rosangelaSgoldoni
28 05 2017
RL T 6 012 204


quinta-feira, 25 de maio de 2017

BORBOLETAS E INQUIETAÇÕES



Borboleta amarela,
tão leve,
tão breve,
leva um pouco de poesia aos brutos de coração,
Insensíveis de todas as ordens.
Abre o sol das suas asas antes que a noite
se eternize em escuridão.
Há os que também se alimentam do brilho das estrelas!

©rosangelaSgoldoni
25 05 2017

RL T 6 009 515

sexta-feira, 19 de maio de 2017

CHUVA, FRIO E CAFÉ


CHUVA, FRIO E CAFÉ

Chuva a cair lá fora,
frio a machucar por dentro.
Cinza que o céu decora,
das flores eu me alimento.

Um café me reconforta!

©rosangelaSgoldoni
19 05 2017
RL T 6 003 943

quarta-feira, 17 de maio de 2017

À DERIVA



Atendendo aos teus apelos
fiz coisas que até Deus duvida;
desfeitos os nós do novelo
observo-te ao longe, à deriva.

©rosangelaSgoldoni
15 08 2012
RL T 3 854 204

terça-feira, 16 de maio de 2017

REFLEXOS DUMA VIAGEM (Publicado no Jornal sem Fronteiras/versão impressa jan/abril 2017)


REFLEXOS DUMA VIAGEM

Expectativas que desembarcavam
nos primeiros raios de sol refletidos
sobre as águas do rio Tejo.
Novos amigos enlaçados por um objetivo:
descobrimentos em Portugal numa travessia
sem fronteiras culturais.
Prosa e poesia em pauta, quadros embalados,
sentidos buscando um novo horizonte.
Lisboa e o fado nos envolveram.
Vivemos
ALALS, A C L A L, A C I M A,
MARIA FONTINHA, PHARMACIA, APP,
Lusofonias...
No Independência descobriram-se as telas:
cores e autores em destaque.
Palácio Pestana, aniversário e Antologia.
Percorremos mosteiros, vinhedos,
Coimbra.
Pessoa e Camões, Braganças, Conímbriga.
Em meio ao caminho, Inês e Pedro,
cantos e contos de amor.
(A)Porto(amos) Lello e Viana do Castelo.
Finda a jornada, iluminados,
brindamos o pôr do sol sobre o rio Dão.

Rosângela de Souza Goldoni
26 04 2017
Em agradecimento à Rede Mídia Sem Fronteiras.
Dyandreia Portugal e equipe.
Link do Jornal na página inicial do blog


domingo, 14 de maio de 2017

LÍNGUAS QUE NÃO SE RETRAEM





Nossos beijos escandalosos,
escondidos,
saborosos,
sempre lembram um ponto final.

Mas demonstram serem vírgulas,
pausas para respiração.

E do nada estamos juntos
cedendo à tentação.

Bocas que se atraem,
línguas que não se retraem,
Danem-se os nossos senões.

©rosangelaSgoldoni
29 01 2011
RL T 2 758 716 

sexta-feira, 12 de maio de 2017

ESCRAVIDÃO EM LIBERDADE


Tela: Carlos Julião (sec. XVIII) 
Wiki



Chicote,
açoite,
pernoite no sal da angústia
a queimar.
Ferro em brasa,
marca e remarca,
peloiro,
propriedade particular.
Mercado,
senzala,
banzo,
correntes.
Sinhazinha,
sinhô e sinhá,
feitor,
homem de cor.
Quilombo,
a festa
negra
Liberdade?
- Favela.

Até quando?

©rosangelaSgoldoni
12 05 2017
RL T 5 997 556

quinta-feira, 11 de maio de 2017

ÚTERO (CON)SAGRADO


Mãe,
parida ou adotada,
ninho entrelaçado,
galhos em flor.
Pétalas que se contraem
ao encontro da vida.
Proteção que se perpetua além do voo.
Útero,
parido ou não,
(con)sagrado refúgio,
aconchego e
amor.

©rosangelaSgoldoni
11 05 2017
RL T 5 996 658

segunda-feira, 8 de maio de 2017

POEMA DAS COINCIDÊNCIAS


São sete as cicatrizes,
cabalístico ... você falou!

Então descobri ao acaso:
sete letras tem seu nome,
“Sinais”, fiz sete poemas,
no dia sete brindamos,
acreditei num final feliz.

Curiosa assim fiquei
somando, sempre somando,
coisas bobas, mas sutis.

Somadas nossas idades,
incrível, se igualam a seis.
Os prenomes adicionados,
iguais a vinte e três.

Brincando, sempre brincando,
você está a fugir,
pois há tanto desencontro
estou com dó de mim.

Coincidências, só coincidências,
é melhor que seja assim!

©rosangelaSgoldoni
01 11 2004
RL T 2 582 859

BALCÃO DE TROCAS





Troco o engarrafamento da cidade,
o buzinar incessante das ruas,
o reflexo do giroflex na janela,
a corrida dos pedestr ao atravessar a rua
X
engarrafamento de pássaros à procura de amoras,
o singelo martelar da araponga,
o pisca-pisca em alerta dos vagalumes,
a suavidade do caminhar com a pele  nua de monóxido de carbono.
“Amanhã eu vou”,
bacurau gritou.
Eu,
atrás do balcão,
a trocar-me o ano inteiro.

©rosangelaSgoldoni
06 05 2017
RL T 5 992 704

quinta-feira, 4 de maio de 2017

OS OITENTA ANOS DA MINHA MÃE


Hoje seriam 87

Seria hoje,
mas não deu tempo!
Oitenta anos,
mas não completos.
Quatro de maio:
um olhar de soslaio,
e você não está:
Não vou chorar!
O coração me pede
(não posso negar)
mesmo ausente,
você é presente
vou festejar!

©rosangelaSgoldoni
04 05 2010
RL T 2 507 609

quarta-feira, 3 de maio de 2017

TRISTEZAS DE UM POVO





Há um gosto amargo,
desidratado de ilusões,
alimentado  por aves de rapina
que sobrevoam este povo sacrificado.
Abutres que farejam dinheiro
sem piedade,
insaciáveis!
Ó Deus,
Senhor de todas as vidas,
todas as terras e todos os céus,
livrai-nos desta nuvem escura e pesada
que nos embaça a visão.
Permiti-nos visualizar um gesto de compaixão
e arrependimento,
mesmo que distante da realidade:
que se nutram de verdades
confissão ou delação.
Rogamos pela paz e recursos essenciais
previstos na Constituição Brasileira.

©rosangelaSgoldoni
03 05 2017
RL T 5 988 971

segunda-feira, 1 de maio de 2017

QUANDO TODOS SE CONHECEM...







Havia confirmado sua presença no bingo beneficente promovido pela Associação de Moradores local.  Seria realizado num dos três espaços comunitários ali existentes.
Arrumou-se e saiu de casa. Entrou no primeiro, ali mesmo na sua rua.
Lotado com vizinhos reconhecidos, foi cumprimentada e a todos retribuiu.
Logo surgiu um copo de cerveja. Agradeceu.
Conversa vai, conversa vem, aceitou um cachorro quente para ser agradável e percebeu que alguma coisa que não combinava com o ambiente de um bingo.
Deparou-se com um bolo!

Procurou e não visualizou a esfera metálica de bolinhas, tabuleiros e acessórios.
Pelo jeito, vai demorar, pensou!
Aguardava por uns 40 minutos quando desistiu e resolveu voltar para casa.
Durante o pequeno trajeto ouviu uma voz amplificada por um microfone. Deu meia volta e foi em sua direção.
O bingo havia começado fazia algum tempo noutro espaço comunitário (o terceiro).

Não entendeu nada até se dar conta de que acabara de sair de uma festa de aniversário infantil para a qual não havia sido convidada.
Sorriu da sua distração.
Desculpou-se com o anfitrião.
Não se culpou. Afinal, onde todos se conhecem sobrevoa um ar de intimidade que justificaria a gafe.
Apesar de perder a primeira rodada, “bingou” uma furadeira elétrica na terceira...
  
©rosangelaSgoldoni
01 05 2017 
RL T 5 987 024
revisado em 22 04 2018 para publicação

POR E PELA POESIA