sexta-feira, 29 de junho de 2012

VERSO & ALMA






Mas não; ou seja a selva escura
Ou seja um Dante mas diverso,
A alma é literatura
E tudo acaba em nada e verso.           Fernando Pessoa

Ser poeta é ser provocador:
Provocar com palavras seu leitor.
Sentimentos diversos são despertos,
Da alma, um contundente provedor.    rosangelaSgoldoni

CONCEPÇÃO:
Poeta Angela Chagas
Poeta: Marisa Rosa Cabral

Em homenagem a Fernando Pessoa,
no evento Música com Poesia,
organizado pela poeta Telma Moreira
e o músico Serginho do Cavaco.
13 06 2012 Centro Cultural Memórias do Rio,
Lapa, RJ

SONHANDO COM PRIMAVERAS





Passo pelos verões
com o gosto da despedida,
o sol escalda-me a pele,
do bronze, torno-me esquiva.

Passo pelos verões
sonhando com primaveras;
outonos sempre bem-vindos,
invernos, tempos de espera.

Passo pelos verões
sem a audácia da juventude,
a idade pede prudência:
esmero-me em solicitude.

©rosangelaSgoldoni
26 06 2012
RL T 3 751 992


quinta-feira, 28 de junho de 2012

GENTE QUE É GENTE




Gosto de gente 
que não sorri entre os dentes,
que faz da vida um presente
e sabe estender a mão.
Gosto de gente que entende
e que se faz entender
quando o exige a situação.
Gosto de gente sincera,
não alimenta refregas,
é plural, não solidão.
Gosto dos que aglutinam
no seu estilo,
cultivam o respeito
desprezam senões.

Gosto de gente que é gente,
sem mimetismos ou disfarces plurais.


©rosangelaSgoldoni
21 06 2012
RL T 3 749 553

quarta-feira, 27 de junho de 2012

OLHARES ENTRECORTADOS




 Nossos corações desolados,
fragilizados pela razão,
permanecem lado a lado
apesar da separação.

Esperamos, com a certeza
dos olhares entrecortados,
quem erguerá a bandeira
de um  amor tão descuidado.

Cuidados essenciais,
aguardo você aprender,
envie alguns sinais
 para que possa perceber.

Mas não demore demais,
o tempo não pede perdão,
resumindo, em linhas gerais,
impertinente solidão.

©rosangelaSgoldoni
26 06 2012
RL T 3 745 700

domingo, 24 de junho de 2012

MADUREIRA: UM CLIMA DE PURA EMOÇÃO




Revejo os subúrbios da minha infância.
Tempos em que se andava de trem com dignidade.
Ou mais longe: o bonde do Largo de São Francisco, sim aqui no Rio!
Meu destino, à época, Bento Ribeiro.
Hoje, Madureira.
A música também tem espaço:
”Divertir-se em Madureira,
Não existe a Cantareira,
E eu moro em Niterói!”
O ônibus emerge de um mergulhão em direção a viadutos e curvas perigosas:
apresenta-se um novo mundo.
Maracanã em obras, claro, chegando a Copa.
Margeamos a linha do trem.
O trem da Central do Brasil, que não é ficção, mas, realidade histórica.
Observo casas, comércios, pessoas.
Gente simples sorrindo não sei para quem.
Ruas estreitas, sem avenidas ou alamedas.
Chegamos ao Méier.
Alguns apartamentos de porte: gente de sorte!
Mais curvas e um calor abrasador.
Abro a janela. Refresco-me na Dias da Cruz.
No Engenho de Dentro, muitas pedras e vegetação rasteira, alguns tufos reproduzem a mata.
Quintino, terra do Zico.
Enfim, Madureira!
Ainda existem pessoas sentadas nas cadeiras em calçadas, tal Chico cantou.
Em cada esquina, batucada;
gente sambando e cervejada,
um clima de boa intenção:
paira no ar a inocência
dos que cultivam a emoção.

©rosangelaSgoldoni
24 06 2012
RL T 3 742 966
Em homenagem a Sinhá Rosinha, de Madureira.
Com os meus agradecimentos.
Publicado na Antologia Poemas à Flor da Pele 2013


sexta-feira, 22 de junho de 2012

AURAS MULTICOLORIDAS (Dedicado aos amigos Poetas)




Interessantes, os meus amigos Poetas!
Escrevem sobre tristezas,
experiências vividas,
coisas de ecologia;
uns louvam a morte
outros a própria vida.

Escrevem incessantemente:
às vezes reticentes,
outras, conclusivas.
Lançam idéias no ar,
mudam o rumo da prosa,
transformam pedras em rosas.

Devaneios incontáveis,
sutilezas estéticas
ou verdades patéticas.

Gosto dessa gente de aura multicolorida.
Encontrá-los é compartilhar da magia
que envolve suas poesias.
Melhor quando percebo
que são pessoas comuns,
não se perdem em debruns
ao tocar o dia a dia.

©rosangelaSgoldoni
23 06 2012
RL T 3 739 745

quinta-feira, 21 de junho de 2012

A MAIS BELA FLORADA





Voltou: 
como sempre em data estimada.
Nebulou: 
as estrelas apagaram-se na estrada.
Ressecou:
o pasto e as gramíneas plantadas.
Esfriou: 
minha cama sem ti não é nada.
O inverno, estação prateada!
Logo passa: 
esperança bandeira hasteada.
Primavera: 
em breve far-se-á renovada,
brisa leve em minha vidraça.
Quem sabe ressurjas do nada
e vivamos a mais bela florada!


©rosangelaSgoldoni
20 06 2012
RL T 3 737 525

quarta-feira, 20 de junho de 2012

CURTO-CIRCUITO




Meu polo positivo não fecha circuito
com o seu negativo.
A tensão gerada, além da combinada,
transformou-se em perigo.
Isolo com prudência, evito resistência
a elétricos vestígios.

©rosangelaSgoldoni
18 06 2012
Rl T 3 730 711


AMARGOU-SE O QUE ERA DOCE




Frestas indiscretas da minha janela
atiçam-me a curiosidade.
Não são as estrelas cadentes,
mas angústias revisitadas.
Sou pura saudade
mas resisto, bravamente,
quando, ao longe,
 ouço tua voz:
fecho as cortinas,
volto à rotina
e recolho-me à cama.
Imponho limites a este melodrama:
amargou-se o que era doce,
e o teu sorriso degradou-se.
Que as frestas permaneçam caladas
no decorrer da fria madrugada.

©rosangelaSgoldoni
20 06 2012
RL T 3 733 764


segunda-feira, 18 de junho de 2012

ANTOLOGIA CAFÉ COM VERSO LANÇAMENTO



NÃO FAZEM MAIS PARTE DA ANTOLOGIA CAFÉ COM VERSO
OS POETAS: MARY BUENO, ASSIS BUENO E SULLA FAGUNDES.
ACRESCENTANDO A POETISA ANDRÊA FÊNIX.


domingo, 17 de junho de 2012

CORES




Eu quero cores,
estampados, floridos,
vivos e vividos!

Cansei dos neutros,
dos tons esmaecidos,
distantes e perdidos!

Eu quero a luz,
janelas escancaradas,
cortinas recolhidas
e a vida renovada.


©rosangelaSgoldoni
02 12 2009
RL T 2 473 603Publicada na Antologia "Café com Verso", 2012
Editora Futurama SP


BAOBÁS


Diante da árvore que sombreou a minha adolescência,
continuo pequena face às dádivas da natureza.
O baobá que o Pequeno Príncipe festejou
desencantou-se como num passe de mágica:
permaneci estática e
agradeci a Deus por tamanha beleza.

rosangelaSgoldoni
16 06 2012
RL T 3 726 706

sexta-feira, 15 de junho de 2012

INVERNOS




Passo pelos invernos
com cuidados e precauções.
São tempos em que aderno
ao peso das emoções.

Passo pelos invernos
encolhida no meu ninho,
onde falta o seu abraço
e, na cama, um burburinho.

Passo pelos invernos
com esperanças de passarinho:
asas a céu aberto,
e a cama em desalinho.

©rosangelaSgoldoni
05 06 2012
RL T 3 726 386


BOM DIA. MADRUGADA!





Um chamado inesperado
agita-me a alma.
A caneta se impõe:
venha, rascunhe, rabisque!

A mão cansada não resiste
e ensaia um poema.
Mas a idéia congela,
a emoção não aflora.

Os primeiros raios de sol
surgem timidamente.
Insinuam-se pálidos,
quase esquálidos!
E a névoa impiedosa
encobre qualquer vestígio
de poesia.


©rosangelaSgoldoni
19 11 2009
RL T 2 670 560


quinta-feira, 14 de junho de 2012

SONHOS E EMBRIAGUEZ






Levemente embrigada,
em suaves ondulações,
a saia vermelha e rodada
transparece minhas intenções.

Você, espectador deslumbrado,
finge não perceber;
a insinuação planejada:
teia que estou a tecer.

E tecida, vou enredá-lo
na  dança da minha paixão;
seguiremos  a par e passo
de mãos dadas,
numa só direção.

©rosangelaSgoldoni
05 05 2012
RL T 3 671 902


terça-feira, 12 de junho de 2012

GOTAS DE PACIÊNCIA



Os
músculos
da
face
travam
o
sorriso
ensaiado.
Pobre
homem
atormentado!
Enfim,
decompõe-se em versos,
libera-se poema!
Então,
liberto,
transparece
sua
essência:
nobreza de sentimentos
e gotas de paciência!

©rosangelaSgoldoni
12 06 2012
RL T 3 720 331

domingo, 10 de junho de 2012

SEM PUDORES OU TIMIDEZ





Apesar de tudo,
de você;
de todos
que estão a gosto
ou mesmo a contragosto;
apesar de mim,
da razão empedernida,
das múltiplas despedidas;
dos conceitos revisados,
desentendimentos reprisados,
meu amor não se acomoda.
Continua inquieto,
domina o superego,
não respeita meus sinais:
devidamente analisados,
e já denunciados.
Sou pura insensatez:
desmonstram estes versos
sem pudores ou timidez.

rosangelaSgoldoni
24 02 2012
Rl T 3 716 631

POR E PELA POESIA