sábado, 11 de outubro de 2025

MINHAS CRIANÇAS EM MIM

 

Minhas crianças são tantas,

são ternas,

amadas;

reservas dos melhores vinhos e safras,

frutificações multiplicadas

em gerações de amor.

Nós,

em  mim,

desde 1952!

 

©rosangelaSgoldoni

12 10 2025

R L T 8 456 210


quarta-feira, 1 de outubro de 2025

NUM TEMPO FEITO DE QUASES...

 

Quase verão.

Quase Natal.

Quase Ano novo outra vez.

Outubro reestreia em sol de janeiro,

suores de fevereiro,

anúncios de liquidação.

Os ponteiros,

acostumados ao tempo,

nem percebem tamanha aceleração!

Entre quases,

a idade avança no calendário da vida

ainda ciosa de seus compromissos.

Honras à lucidez reinante

e à mobilidade

quase sentada no tamborete ao lado.

Um brinde ao tanto que se viveu e

ao desconhecido futuro,

provável,

desnudo,

roupagem de sonhos.

 

©rosangelaSgoldoni

01 10 2025

RL T 8 447 194


segunda-feira, 1 de setembro de 2025

A SUSPIRAR POR SETEMBROS



 

Deixo-me abraçar pelos suspiros de setembro

atenta às florações que celebrarão a próxima primavera.

Sonhos teimam em driblar a eloquência do tempo passado,

calendário desenfreado de viver.

Sorrir,

quem sabe sorver o perfume da gardênia,

além do jardim, a envolver  estrada...

Ser coro no cantar do sabiá do campo

a celebrar o encanto do entardecer.

Multiplicar-me em cores e orquídeas,

baunilha,

ao sabor do bem-me-quer.

Festejar o frenesi das borboletas a sugar o néctar

à exaustão,

transformação!

Nas incertezas das certezas,

acreditar que novas primaveras me acolherão.

Verão!

 

©rosangelaSgoldoni

RL T 8 421 796

01 09 2025


quinta-feira, 7 de agosto de 2025

DÚVIDAS E ALGUMAS CERTEZAS

 

Despeço-me de algumas certezas num piscar de momento.

É preciso renovar-se em entendimentos,

perceber os movimentos

e desacelerar conclusões tratadas como definitivas.

A impermanência traduz-se em claras percepções

de que muito pouco é imutável ao domínio de causas!

O ser social dança numa

roda-viva de variantes conceituais.

Cristalizar-se em convicções é tentar atrasar o relógio

que acelera o momento sem se ocupar do pensamento.

Às certezas, minhas dúvidas!

 

©rosangelaSgoldoni

15 10 2023

revisão em 06 08 2025

RL T 8 401 373


segunda-feira, 14 de julho de 2025

INFÂNCIA EM 3 X 4


 

Minha infância e adolescência

residem na essência das lembranças.

Fotografias?

A vida simples,

poucos recursos,

não nos permitia.

Os 3 x 4

sagrados

na caderneta a cada ano:

o pouco esperançado

no investir em educação.

Sem herança cogitada,

a vida passava ao longe dos testamentos.

Memórias da tenra escola,

das brincadeiras,

recreio;

suspiros em crescentes e

graduados horizontes:

um futuro revelado

em colorido presente!

 

©rosangelaSgoldoni

05 07 2025

RL T 8 382 692


domingo, 22 de junho de 2025

INVERNO EM AQUECIMENTO

 




Ele passa mais uma vez e

acena discretamente.

Relembra-me que ainda

somos presença na linha visível do tempo.

Eu e meu inverno do calendário

caminhamos rumo

ao encontro do novo neto

ao prazer do sabor de ser avó pela segunda vez.

Mais um menino a revelar-se

em festejares de primavera

frente à minha estação dissonante.

Ciclos que se envolvem e

intercalam ao sabor do

anuário e suas possibilidades.

Crescente maturação de um amor

a ungir-me avó em nova gestação.

Vem Lucas,

ao sabor da novidade de nascer!

 

©rosangelaSgoldoni

22 06 2025

RL T 8 364 227


segunda-feira, 12 de maio de 2025

MARIAS SOLIDÁRIAS


 


Como rotina, voltava do interior aos domingos à noite, ônibus das 23.40h.

Apesar dos perigos da madrugada, o trânsito das estradas era tranquilo e encurtava o trajeto até o destino final, a urbe, em quase uma hora.  O percurso incluía paradas em algumas cidades.

Mas, acidentes e violências são imprevisíveis como aquela pedrada em direção a sua janela meses atrás. Escapara por pouco.

Desta vez uma violência quase imperceptível.

Já embarcada, tentava dormir. Não ultrapassou os limites de alguns cochilos.

No stop para o lanche, em torno das duas e trinta, apenas um café. Em seguida, dirigiu-se ao toalete onde foi abordada por uma jovem, talvez uns vinte anos, que deixava transparecer seu olhar de medo e apreensão.

- A senhora está no ônibus que vai para o Rio - o stop envolvia outras linhas naquele horário -?  O assento ao seu lado está vazio?

Sim, respondi.

- Poderia trocar de lugar e me acomodar a seu lado? Estou sentada atrás do motorista e um desconhecido insiste em perguntas descabidas e desnecessárias. Estou assustada e constrangida.

Solidária, sugeriu: sente-se à minha frente (será mais confortável para as duas). Caso o assediador venha ao seu encontro, levante-se e junte-se a mim.

Assim foi feito: atenta, a acolhedora percebia o homem na primeira fileira a se contorcer tentando localizar a mocinha assustada.

- Estou aqui, descanse, avisei. Qualquer coisa estarei pronta acolhê-la e buscar recursos para nos defendermos.

A sequência da viagem foi tranquila e sem abordagens inoportunas.

Desembarcou uma cidade antes, a poucos minutos de distância do ponto final, destino daquela jovem “Maria”, então adormecida. Despediu-se com delicadeza.

Dali para a frente, entregaria a Deus os cuidados dos quais se ocupou: que Ele a guardasse dos importunadores e protegesse a todas as “Marias incomodadas e constrangidas” sem distinção.


©rosangelaSgoldoni

27 05 2019 

Revisada em 10 05 2025 para publicação

na Coletânea Contos, Crônicas e Poesias, Vol. 7

Poemas à Flor da Pele, Porto Alegre, RS

terça-feira, 15 de abril de 2025

O PRÓXIMO INESPERADO


 

O corpo e o tempo caminham lado a lado
até que o inesperado os separe para sempre.
A intenção do eterno desfaz-se em gotas que
transformam suas faces num mar sem fronteiras
entre a razão e a inocência.
Pacienta-se a vida entre acomodações tectônicas
das placas de memória.
Viagem
passado, presente,
quem sabe futuro,
divisórias palpáveis nas rugas sem correção.
Procedimentos cosméticos
não apagam os riscos e rasgos do coração.
À espera de um sorriso não ensaiado ou
um abraço desconcertante,
seus corpos e o tempo
retomam seu curso
até que o próximo inesperado!
 
©rosangelaSgoldoni
20 08 2021 (inspiração) 4
15 04 2025 (conclusão)

RL T 8 310 343


sábado, 15 de março de 2025

UM NOVO CARNAVAL

 




A sede do novo

leva-me ao encontro

do desconhecido.

O que seria em família

refaço em grupo,

entre faces renovadas.

Meu carnaval distante,

companhias e cidade,

novidades desbravas.

Verdade,

alguma saudade

que se perdeu

entre um bate-papo e outro.

A vida pede releituras

e,

enquanto houver tempo,

ao romper a maturidade,

danço ao som das novidades ofertadas.

 

©rosangelaSgoldoni

01 03 2025

RL T 8286102




segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

RENASCER EM VERSOS


 

Fogem-me as palavras em versos e

inspiração.

Questiono ao tempo se o momento

será brevidade ou permanência em solidão de

poemas.

Não que me faltem sentimentos

(ainda conservam alguma ebulição).

Quem sabe o acelerar do calendário

aconchegue-se entre as dobras do pensamento

a poupar-me de novos sabores...

Morno,

insípido,

inodoro,

Ah,

certamente rejeitados,

descartados

e inoportunos.

O poema renasce nestas linhas

a romper a barreira do existencial.

 

©rosangelaSgoldoni

01 02 2025

RL T 8 256 248


quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

IDENTIDADES


 

 

Hoje precisei de mim!

Ativei cuidados extras na rotina diária

desconstruída pela manhã.

Surpreendida por um clone numa rede social,

do nada,

eu,

duplicada...

Senti-me desprotegida,

à mercê do imponderável.

Denúncias à parte,

coloquei a ansiedade para descansar

apesar de,

por momentos,

a impotência me fazer companhia.

Sacudida,

sorri

por e

para mim

no poema aflorado.

Veias

e versos

em

saudável e

solícita

sintonia!

 

©rosangelaSgoldoni

16 01 2025

RL T 8 242 900


MINHAS CRIANÇAS EM MIM

  Minhas crianças são tantas, são ternas, amadas; reservas dos melhores vinhos e safras, frutificações multiplicadas em gerações d...