MENÇÃO HONROSA
CASA, QUARTO, QUARENTENA
Chego à janela e sigo com o
olhar o caminhar de algumas pessoas. Predominantemente idosas, agem como se a
convivência com o coronavírus fosse normal. Sem qualquer proteção, demonstram
uma certa tolerância e intimidade com a pandemia.
O carro de som circula no
asfalto lembrando a presença invisível do inimigo. Simplesmente ignoram.
Para onde vão? Talvez
mercado, farmácia, quem sabe caminhar na praia numa cidade isolada ao trânsito
para estranhos.
Teriam algum motivo especial
ou simplesmente a satisfação pelo desrespeito às normas internacionais e
recomendações vigentes no país?
Eu, em distanciamento social,
obediente às orientações responsáveis; a família dentro do possível em
resguardo, imagino-me presa num imenso engarrafamento seguindo o fluxo do
trânsito na minha faixa de rolamento enquanto estranhos apressados trafegam
pelo acostamento.
Sim, os mesmos que promoverão
a desordem mais à frente prejudicando ainda mais o percurso normal no tempo.
Mas os “espertos”
caminhantes de agora desconhecem os engarrafamentos da vida.
As dores de barriga,
infartos e acidentes sejam cerebrais ou de rua, sinusites e chicungunhas
continuam na pista como todas as outras patologias, donde se conclui que as
doenças são PÚBLICAS e a permanência na rua poderá prejudicar qualquer
atendimento de emergência aos necessitados não coronados. Além do contágio, o
chamado “efeito colapso” das UTI’s.
Todos serão prejudicados.
Se você é um idoso lúcido e
orientado, procure ficar em casa o maior tempo possível. Sei que é difícil,
afinal, como afirmou Clarice Lispector, “o mais difícil
é não fazer nada: ficar sem fazer nada é a nudez final.” (Clarice Lispector)
©rosangelaSgoldoni
RL T 6 936 052
04 04 2020
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