sábado, 26 de março de 2022

AMOR SEM POR QUÊS

 


Eram tempos de outono.

Desprevenidos,

envolveram-se

num manto dourado de alucinações

enquanto dançavam um bolero

ao redor das mesas de um boteco qualquer.

Paixão ao primeiro abraço,

entregaram-se sem pudores ao

passos que os conduziram aos descaminhos da paixão.

Era tudo tão verdadeiro,

intenso,

inesperado,

sentimental...

Da paixão ao amor,

um percurso acidental.

Moviam mundos e leitos

numa busca transcendental.

A razão invocada

desentendeu-se com o amor

que sobreviveu ao poema

nas entrelinhas dos

por quês e resistências.

 

©rosangelaSgoldoni

24 03 2022

RL T 7 481 660


sábado, 19 de março de 2022

À PROCURA DE UM POEMA

 

Não há sílabas para juntar.

As palavras escondem-se talvez por necessidade

de nada dizer.

O verbo calado inibe o poema em transe de criação.

Ilusões fonéticas deliram desconexas

num sonho de ritmos a tramar poesias.

Num transverso de lucidez

recobro a intimidade métrica

em vias de recomposição.

O poema desintegrado regenera-se

à luz da sensibilidade

e sobrevive aos tempos de escuridão.

O poeta ressuscita em meio a um turbilhão de emoções.

 

©rosangelaSgoldoni

19 03 2022

RL T 7 476 355


sexta-feira, 11 de março de 2022

CHUVAS, AMANHÃ OU DEPOIS...

 

Dizem que vem por aí...

Amanhã ou depois,

quem sabe a tempo de

me resgatar do calor  

que sufoca ao

afogar-me no sal do suor...

Mergulhos

rio abaixo

rumo ao

mar à espreita de gotas...

Saudades da chuva

em remanso de vida

trazendo

aromas da terra,

sulcando pingos na estrada,

erguendo vapor do asfalto...

Saudades do seu balé sustentável

no conforto das plantas

e na janela do meu quarto.

 

©rosangelaSgoldoni

11 03 2022

RL T 7 470 437


sexta-feira, 4 de março de 2022

PELA UCRÂNIA


Seu olhar frio dispara

mísseis enfurecidos

alimentados pelo ódio e afirmações de poder.

Ensandecido pelo desprezo à razão

empurra o ser humano para uma trajetória desumana.

Arrasta histórias e vidas

numa rota de fuga incerta e solidária.

Solidariedade dos incautos e sofridos de outras guerras pintadas

nas cores da fome, sangue e desespero.

Que o branco e a sensatez possam diluir os matizes da DOR

das crianças,

dos pais,

da família,

de um povo e sua identidade.

 

©rosangelaSgoldoni

04 03 2022

RL T 7 465 135


VENTOS, ABRIGOS E DESERTOS

Esparrama-se o olhar em sonhos neste imenso horizonte quase deserto... Ventos a envolver-me em suspiros e lembranças. Face encober...