sábado, 31 de dezembro de 2022

CHEGUEI AQUI!


CHEGUEI AQUI!

Hoje, ao completar 70 anos (fato que sequer imaginava), considero-me vitoriosa na lucidez, independência e mobilidade suficientemente preservadas.

Claro, mais lenta... consequências.

Nem sempre tão bem-humorada, mas sempre de bem com a vida.

Declaro minha gratidão, fé e perseverança inabaláveis.

Sem elas, certamente, teria ficado pelo meio do caminho.

Entre lágrimas e sorrisos, acumulei aprendizados.

Tropeços inevitáveis ultrapassados. Afinal, desistências não faziam parte do portifólio. 

Alguns projetos não alcançados não invalidaram o percurso. Verdade, foram poucos, talvez não pertinentes à história.

Neste trajeto proseado, muitos versos, amores, filhos e um neto.

Amigos.

No balanço geral, penso que lucrei:

rugas de viver superam os momentos de sobrevivência.

Eu,

parabéns para mim!

31.12 2022

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

NOVO CALENDÁRIO

 

Tem meio ano,

tem ano e meio.

Ano velho,

passado,

retrasado.

Ah,

alguns rotulados de dourados!

Tem o novo

a renascer todos os anos,

nos sorrisos de esperança.

Ele, agora, bate à porta

do novo calendário.

 

FELIZ ANO NOVO A TODOS!

 

©rosangelaSgoldoni

26 12 2022

RL T 7 680 386


terça-feira, 6 de dezembro de 2022

O RETORNO DA CIGARRA

 

Voltou em grande estilo.

Seu canto preenche a sala e os ouvidos

anunciando a proximidade do verão.

Cigarras que me transportam ao entardecer

numa sala de aula vazia,

cercada de livros e projetos de vida.

Anos 70,

vinte e poucos,

alguma inocência

e uma arriscada ousadia.

Turbulências e silêncios eram

rotina.

Rock and roll,

Jovem Guarda,

Tropicália e

Bossa Nova

trilhavam sonoras pelas varandas

dos bailinhos improvisados.

Dois pra lá,

dois pra cá,

eu aqui,

renovando-me em cigarra,

apesar da idade,

ainda aprendiz.

 

©rosangelaSgoldoni

28 11 2022

RL T 7 666 277


terça-feira, 22 de novembro de 2022

SEM TEMPO

 

Sem tempo para contestar o tempo

passo batida pelo calendário.

Ultrapasso dias,

destaco folhas

numa contagem regressiva onde a vida

patina entre as memórias.

Viagem sem volta

às emoções deferidas a cada momento.

Sem tempo para contestar a vida,

passo pela sombra do que fui

que teima em arder

apesar do sopro de muitas velas

a contar aniversários:

ultrapasso o agora

ao não desistir

dos sonhos do amanhã.

 

©rosangelaSgoldoni

RL T 7 655 868

11 11 2022


sexta-feira, 11 de novembro de 2022

FLORADAS DE PAZ





Insânia!

Mãos acionam botões a precipitar

nuvens de mísseis sobre um povo desprevenido.

Chuva deplorável de fragmentos, tormentos e desespero,

ópera de horrores a macular retinas.

Jorram lágrimas na incerteza da caminhada

povoada pelo medo do porvir.

Famílias divididas, crianças deserdadas, sonhos violados;

vidas profanadas em nome de políticas personalíssimas, intoleráveis,

desfocadas de um razoável humanitário.

A morte ou as gares: estradas e fronteiras ao encontro de solidariedade vizinha

e posterior desafio de recomeçar distante.

À Pátria,

o retorno e as rédeas de suas lidas, sem data definida

apesar da pressa em celebrar a vida em campos de girassóis.

Uma florada de paz brota à espera do armistício!

 

©rosangelaSgoldoni

27 03 2022

RL T 7 647 708


quarta-feira, 2 de novembro de 2022

O DESPERTAR DO POEMA

 

Sonhos e realidade alinham-se em solidariedade

ao poema adormecido.

Misturam-se ao espanto do entardecer em versos

não autorizados pelo sentimentalismo.

Sentimentais por consentimento,

do pântano das lágrimas à floração,

travam uma luta em silêncio

na dormência dos dizeres.

Palavras mortas e enviesadas

ressuscitam desengasgadas

na voz do arauto revelador:

 

- A poesia acordou!

 

©rosangelaSgoldoni

RL T 7 641 635

02 11 2022


sábado, 22 de outubro de 2022

MINHA PÁTRIA E OS MEUS CANSAÇOS

 

Passo por algumas vitrines decoradas para a Copa do Mundo 2022 e percebo o verde-amarelo tradicional substituído pelo azul.

Percebo, ainda, embutido numa roupa vermelha, um sinal de alerta.

Cores que começam a declarar-se exclusivas em muitos redutos da sociedade e são associadas aos candidatos polarizados à Presidência da República.

Usar uma ou outra pode significar simpatia às suas causas.

Assustador!

Na religião, cristãos discriminados: uns homens e mulheres de Deus; outros, pobres coitados.

Sem comentar a recrudescência dos preconceitos escancarados em diversos segmentos.

Vivi num Estado laico e gostaria de ouvir projetos para o futuro, apesar dos quase setenta anos. Afinal, tenho FAMÍLIA.

Cansei de troca de acusações e xingamentos.

Ainda trago comigo sonhos de UMA PATRIA respaldada na educação!

 

©rosangelaSgoldoni

23 10 2022

RL T 7 633 613


quarta-feira, 19 de outubro de 2022

LANÇAMENTOS EM NOVEMBRO 2022 (FEIRA DO LIVRO DE PORTO ALEGRE) ... participando das Antologias








DESPERTAR EM CICLOS


 

Acordar,

festejar o dia renascido,

aceitar o improvável,

render-se ao aos limites do ponteiro...

Ajoelhar-se frente ao tempo

à espreita do amanhã

impreciso,

inesperado,

indefinido...

Passa,

passa...

noite adentro.

Crescente lunar revela-se nos ciclos

do amanhecer,

fome de viver a

desabrochar em sonhos.

Acordar...

 

©rosangelaSgoldoni

18 10 2022

RL T 7 631 103


segunda-feira, 10 de outubro de 2022

MINHAS CRIANÇAS

 

Minha criança adormecida

desperta agradecida

pelos caminhos que ultrapassou.

Vida simples, casa e colégio,

carochinhas e seus mistérios,

véu em primeira comunhão.

Passeou livros de História,

Geografia, viagens, memórias,

pai, mãe, avós, irmãos.

 

Mudou.

A criança adormecida,

nos braços do neto se abriga

em aconchego maternal.

Como a preparar uma história,

idealizar sua rota sem atropelos ou senões.

 

Ah, ilusões sem sentido

em maternidade redobrada:

sonhos, delírios, momentos,

crianças em vida abraçadas

entoam uma ciranda do amor.

 

©rosangelaSgoldoni

07 10 2022

RL T 7 624 496


quinta-feira, 29 de setembro de 2022

UM TOQUE DE RESPEITO

 

UM TOQUE DE RESPEITO

 

Extremos,

distâncias,

relutâncias,

desentendimentos.

A violência vence o toque de respeito.

Armaduras engessam o pensamento.

A mão encolhida, nega-se ao aperto.

O equilíbrio,

à espreita da oportunidade,

monta guarda na esquina da normalidade almejada.

Só o abraço adormecido despertará o coletivo

em sentimentos de solidariedade,

humanidade e celebração fraternal.

Entregas!

 

©rosangelaSgoldoni

RL T 7 617 327

29 09 2022


sexta-feira, 23 de setembro de 2022

VENTOS DE PRIMAVERA



                                        Sem que se desse conta,

permitiu àquele vento de primavera

a entrada pela porta entreaberta

ao profundo do seu coração.

Remexida entre poeiras de saudades e ausências

viveu turbulências emocionais.

Estremecida,

recobrou os sentidos daqueles amores dormentes,

momentos recorrentes,

ternura e cumplicidade.

Acomodou-se no tempo das lembranças,

viveu a felicidade do vento que venta flores,

pétalas e fragrâncias em

alquimias de primavera!

 

©rosangelaSgoldoni

23 09 2022

RL T 7 612 966


quarta-feira, 14 de setembro de 2022

NORMALISTAS, 50 ANOS DEPOIS




Certa vez, conversando com meu pai (talvez contasse 25 anos) ele afirmava:

- há 30 anos atrás ...

Não entendia!

Hoje percebo que 30 anos foi ontem quando, as normalistas avós, agradecem os 50 anos passados. 

Turmas 1, 2, 3, 4 e 5...

Em júbilo, festejamos um rito de passagem ocorrido há 50 anos, rito este compartilhado pelas então professorandas, jovens e sonhadoras, do antigo Instituto de Educação de Niterói, atual Instituto de Educação Professor Ismael Coutinho. Aproximava-se a formatura e as novas responsabilidades inseridas. Expectativas de uma profissão, ansiosas e motivadas pelo sucesso em construção. Isso aconteceu em dezembro de 1970.

Houve perdas durante o curso e aqui prestamos a nossa homenagem a ALINE.......que foi chamada pelo Senhor antes de receber o seu diploma.  

Assim, resgatamos agora um passado de convivência harmoniosa e afetuosa entre alunas, professores, inspetores e direção.

O jogo de vôlei, o pingue-pongue, o queimado, as cadernetas carimbadas, algumas vezes anotadas, nos trazem felizes recordações.

A banda, o canto coral, ensaios e apresentações.

Os desfiles cívicos e as expectativas nos 7 de setembro.

Diplomadas, muitos dos sonhos realizados ou substituídos por novas profissões.

Algumas deixaram o percurso e laboram noutras dimensões.

O grupo nasceu de uma comunhão de saudades e tomou forma no aplicativo da moda. Pré-celebrações e reconhecimentos... Fotos e o nome dos professores refrescam em nossas memórias. 

Minha gratidão a vocês, meninas-senhoras, nossa história!

“Vestimos azul e branco e

ainda trazemos um sorriso franco"

em rugas que resgatam suficiente frescor”.

 

Rosângela de Souza Goldoni

RL T 7605730

Texto iniciado em junho de 2020, finalizado em 18 08 2022.


terça-feira, 6 de setembro de 2022

ELAS E A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL


 


Uma revolução exigiu sua volta.

Dom João retorna à condição de rei no seu país.

O filho de João, Pedro, governaria.

Mas Portugal não aceitava aquele Reino Unido,

suas aberturas e um príncipe distante.

Ao retrocesso dos tempos de colônia, resistência!

Fica,

FICO!

Pedro ficou em 9 de janeiro de 1822.

Nas rodas provincianas, a elite sonhava com um Brasil dono de si

(homens influentes conspirando autonomias) e

mulheres a movimentar revoltas na Bahia.

Angélica, abadessa, na Lapa reage à invasão.

Felipa, tropa negra e indígena, revolta em Itaparica.

Quitéria e seus fuzis em Salvador.

Mulheres a sedimentar liberdades

contra o domínio português.

Exércitos e esquadras rechaçados,

um grito, INDEPEDÊNCIA, engasgado.

Leopoldina, a imperatriz decidida,

o conselho liderou.

Discordava da Corte e Pedro entendeu:

era Independência ou Morte e

do Ipiranga, bradou!

A essas mulheres engajadas, nossa melhor História!

 

©rosangelaSgoldoni

05 09 2022

RL T 7 599 890

terça-feira, 30 de agosto de 2022

ENTRE O PASSADO E O PRESENTE




Foram tempos de apreensão!

Entre passado e presente

um abismo de solidão.

Corações aflitos,

reclusos e ávidos de aventuras

declaravam-se apaixonados

pela vida que lhes (so)negava

a oferta do abraço essencial.

Suspiros de saudades,

viagens e consciências

equilibravam-se nas imprudências do apelo emocional.

A distância tornara-se uma constante desafiadora

em momentos de faces mascaradas.

Pandemia que se alastrava em desconforto mundial.

Paixões sufocadas descobriam-se prisioneiras

de suspiros não autorizados pelos

padrões de convivência vigentes.

O bloco dos desmascarados pedia passagem

numa viagem ainda imaginária.

Mais que sonho,

esperanças de uma consciência harmônica e resiliente

a um pretenso estado de normalidade.

 

©rosangelaSgoldoni

17 06 2020       

Revisitada em 06 12 2021

RL T 7594 759


sábado, 27 de agosto de 2022

PAZ ALÉM-SONHOS

 

Olhos de observar jardins deitam-se

à sombra dos manacás floridos,

passeiam pela vida de mãos dadas com o vento

numa viagem além-sonhos de viver.

Energia vital em expansão,

pulmões inflados de certezas;

sorrisos a distribuir gentilezas e prestezas

provocam águas numa circulação profana

a percorrer rios em inundações sentimentais.

Sol e chuva convivem em meio à alforria do

tempo e dos meridianos.

Por trás do mundo,

uma roseira prenha de botões,

festeja o desabrochar das suas rosas

em cachos de juventude e frescor.

Os manacás adormecem

sombreados pela roseira em parto de vida

nessa viagem sem roteiros.

Além-sonhos

reside a paz dos quase mortais.

 

©rosangelaSgoldoni

04 01 2022

RL T 7 586 831


segunda-feira, 8 de agosto de 2022

JARDINS DA VIDA



Distraída no seu mundo florido,

envolvia-se nos jardins da vida ou das ruas.

Retratava-os sem flashs,

sol ou chuva,

sombras, raios e reflexos.

Em noturna poesia,

lua em pétalas desfolhava-se 

no estanhado céu.

Perfumes,

gardênias e rosas,

manacás-de-cheiro,

jacintos e magnólias,

folia de aromas a romancear o passado.

Encantou-se com o farfalhar das borboletas

metamorfoseado em natureza poética.

Transportou-se em versos nas asas do amanhecer.


©rosangelaSgoldoni

03 08 2022

RL T 7 578 088


quarta-feira, 27 de julho de 2022

MAIS POR MIM


 

Sou feita de

rugas,

idades,

lágrimas,

sorrisos,

estradas,

curvas,

atalhos,

retalhos,

múltiplos caminhos!

Talentos

e

alguma falta de habilidade

(tão comum aos normais).

Sinceridade?

A felicidade mora num raio de luz

e,

na intimidade do travesseiro,

reside a paz de um coração

proseado em versos.

 

©rosangelaSgoldoni

23 07 2022

RL T 7 569 359


VENTOS, ABRIGOS E DESERTOS

Esparrama-se o olhar em sonhos neste imenso horizonte quase deserto... Ventos a envolver-me em suspiros e lembranças. Face encober...