segunda-feira, 25 de maio de 2020

UM OLHAR DE ESPERANÇA



Caminhava...
Não era praia,
circulava no pátio do seu prédio
de onde vislumbrava um resquício de mata.
Observara o coqueiro em seu esplendor,
apesar do outono, 
quase inverno,
naquela manhã um tanto embaçada.
O mistério das suas folhas
meio pendentes,
meio altivas,
eram realçadas
pelo balançar ao sopro
da brisa leve e perfumada.
As maritacas sobrevoavam agitadas,
celebrando o ar puro que as envolvia  
em plena pandemia de vírus
(tempos de gente engaiolada em suas casas).
Ela caminhava,
ia e voltava
no concreto da marcha,
com um olhar de esperança...

©rosangelaSgoldoni
26 05 2020
RL T 6 958 379

segunda-feira, 18 de maio de 2020

UM TEMPO FELIZ






Era tão pouco tempo
que não dava tempo
do tempo passar.
Quando se dava conta
era passo contado
num sonho a guardar.
Fazendo de contas
contava estrelas
no céu a luzir.
E ao tempo contado,
deitado ao lado,
agradecia a sorrir.
Deu-se conta de que fora feliz!

©rosangelaSgoldoni
17 05 2020
RL T 6 951 222

segunda-feira, 11 de maio de 2020

RITUAL DE PASSAGEM



Tentava manter
a chama acesa.
Mente coração aquecidos.
A vida em combustão.
Explosão de sentidos,
em maturação:
seres divinos,
natureza espiritual.
Ritual de passagem à plenitude essencial.



©rosangelaSgoldoni
19 08 2019
RL T 6 944 607

quarta-feira, 6 de maio de 2020

POEMA CONTAMINADO







Acorda o verso para um mundo pandêmico.
Abre a cortina e descortina uma rua quase sem vida,
algumas idas e vindas pelo trânsito;
carros e ônibus
com suas janelas escancaradas.
O vírus,
liberto das amarras do ar refrigerado,
valsa sem rumo.
O homem,
gaiola e refém de si mesmo,
rende-se aos princípios da biologia
que ousou desrespeitar.
Inversão de valores e posição,
liberdade e prisão em discussão.
Um mundo novo a caminho ou
o descaso natural seguirá seu destino de destruição?
Os versos se organizam
e retornam à cama sem questionar.
Afinal, mais um poema não faz qualquer diferença.

©rosangelaSgoldoni
25 03 2020
RL T 6 939 691

domingo, 3 de maio de 2020

CASA, QUARTO E QUARENTENA



MENÇÃO HONROSA


CASA, QUARTO, QUARENTENA

Chego à janela e sigo com o olhar o caminhar de algumas pessoas. Predominantemente idosas, agem como se a convivência com o coronavírus fosse normal. Sem qualquer proteção, demonstram uma certa tolerância e intimidade com a pandemia.
O carro de som circula no asfalto lembrando a presença invisível do inimigo. Simplesmente ignoram.
Para onde vão? Talvez mercado, farmácia, quem sabe caminhar na praia numa cidade isolada ao trânsito para estranhos.
Teriam algum motivo especial ou simplesmente a satisfação pelo desrespeito às normas internacionais e recomendações vigentes no país?
Eu, em distanciamento social, obediente às orientações responsáveis; a família dentro do possível em resguardo, imagino-me presa num imenso engarrafamento seguindo o fluxo do trânsito na minha faixa de rolamento enquanto estranhos apressados trafegam pelo acostamento.
Sim, os mesmos que promoverão a desordem mais à frente prejudicando ainda mais o percurso normal no tempo.
Mas os “espertos” caminhantes de agora desconhecem os engarrafamentos da vida.
As dores de barriga, infartos e acidentes sejam cerebrais ou de rua, sinusites e chicungunhas continuam na pista como todas as outras patologias, donde se conclui que as doenças são PÚBLICAS e a permanência na rua poderá prejudicar qualquer atendimento de emergência aos necessitados não coronados. Além do contágio, o chamado “efeito colapso” das UTI’s.
Todos serão prejudicados.
Se você é um idoso lúcido e orientado, procure ficar em casa o maior tempo possível. Sei que é difícil, afinal, como afirmou Clarice Lispector, “o mais difícil é não fazer nada: ficar sem fazer nada é a nudez final.” (Clarice Lispector)

©rosangelaSgoldoni
RL T 6 936 052
04 04 2020

Laços de vida nos fios de um marcapasso

  Acordei no chão sem nada entender até perceber que sofrera um desmaio. Muitas perguntas sem respostas em busca por explicações. Dia e hora...