domingo, 28 de novembro de 2021

UM POEMA BEM PASSARINHO

 

Confesso que bisbilhotava.

Sentada na varanda

fingia não perceber

a movimentação e o rebuliço.

Era tititi para lá,

cantoria ali,

frenesi para todos os lados.

Conversavam alto

e não faziam questão de esconder,

conversavam com prazer.

Perceber a melodiosa sinfonia

no despertar dos pássaros

aguçou os sentidos do poeta.

Observava o retorno ao ninho do sabiá laranjeira

trazendo o alimento no bico.

Havia uma prole a alimentar.

O poeta intrometido

explica-se, então, à passarada

em passagem constante na sua varanda interiorana:

bisbilhoto a vida e

tenho gosto em remexer ninhos de palavras de vida.

 

©rosangelaSgoldoni

RL T 7 395 715

26 11 2021


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