Tem hora que cansa.
Cansa um rosto sem máscara na rua.
Cansa a máscara no queixo ou pendurada na orelha.
Cansa a negação das mortes tão evidentes nas covas das necrópoles
ampliadas às valas.
Cansa a tribo dizimada em meio às etnias descoloridas.
Cansam os tiros no aniversário,
a queda do elevador,
o respirador superfaturado,
a mãe a murmurar sua dor.
A fome também cansa no estômago das emergências,
nas macas intensivistas,
na arrogância das excelências
a arrotar gases de imperador.
Tudo cheira a cloroquina
na esquina da morte.
Somente a fé sustenta a certeza
do amanhecer sadio!
Cansa,
tem hora que cansa!
©rosangelaSgoldoni
09 06 2020
RL T 6 972 857
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