Domingo. Quarenta graus. Janeiro.
Camiseta no corpo, partiu para a feijoada do Salgueiro ao
encontro de amigos. Uma dose extra de samba na sua alegria, sabendo que o ar
refrigerado da quadra funcionaria em evasivas.
Enquanto aguardava o ônibus, um dos loucos da sua rua
parou, olhou para a camiseta, acenou com o polegar e perguntou:
- Você conhece o samba do Cubango? * (E. S. Acadêmicos do
Cubango, Niterói)
Claro, respondeu de pronto, pensando livrar-me do incômodo.
Sem cerimônia cantou o samba até o final.
Ela acenou com o polegar e disse: - Valeu!
O ônibus apontou na esquina. Aliviada embarcou.
Ansiosa e faminta, mergulhou na multidão que se requebrava
ao som do pagode do momento: impossível encontrar os amigos, pensou.
À feijoada!
Na fila, pode visualizá-los. Serviu-se com parcimônia.
Afinal, a refrigeração não dava conta do calor humano em tamanha concentração.
A temperatura aumentou quando a Banda do Cordão do Bola
Preta e, em seguida, a Marrom, foram chamados.
Depois do show, voltou para casa, sã e salva. Tinha
atravessado a baía de Guanabara.
Dias
depois, reencontraram-se.
- Bom dia, “Madame”!
Estranhou.
Ele a reconheceu.
- Bom
dia!
Andou
sumido por alguns meses (soubera que estaria internado para tratamento
psiquiátrico).
©rosangelaSgoldoni
11 01
2015
RL T 6
294 445
Texto publicado na Antologia Em Verso e Prosa, Autores do Centro de Literatura do Museu Histórico do Exército e Forte Copacabana, 2018
Texto publicado na Antologia Em Verso e Prosa, Autores do Centro de Literatura do Museu Histórico do Exército e Forte Copacabana, 2018
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário será bem-vindo!