quarta-feira, 17 de abril de 2013

RESPINGOS DE SOL



Abro gavetas como quem expõe a alma na janela.
Roupas, papéis, recordações...
Cada peça uma história
formatada na memória
de um disco em rotação:
tempos de vitrola,
alguma tristeza e insatisfação.

Há rosas ressecadas,
desidratadas pela ilusão.
Pedras colecionadas
como se à espera d’uma construção.

Mas o presente estruturado
não se sente envergonhado,
solidifica-se na emoção.

Sem resgates,
pratico o descarte:
tempos modernos de inspiração.
Sachês perfumados,
aromas borrifados:
coleciono respingos
da claridade do sol.

©rosangelaSgoldoni
17 04 2013 
RL T 4 246 518
Poema publicado na Antologia Poemas à Flor da Pele, volume 7, 2013, Editora Somar

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